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nosso bebê: CARTA PARA QUANDO VOCÊ CHEGAR

terça-feira, fevereiro 08, 2005

CARTA PARA QUANDO VOCÊ CHEGAR


Carta para quando você chegar...

É começo de fevereiro, ano de 2005.
Faltam aproximadamente 3 meses para você chegar. Seu nascimento está previsto para o final de abril ou começo de maio.
Creio que o mundo não vai mudar muito nesse período, então posso tentar descrevê-lo (ou o que conheço dele) para você.
Quando eu, e pessoas da minha idade éramos jovens ou crianças, corria o boato de que o mundo não chegaria ao ano 2000, visto longinquamente como coisa do “futuro”, alguns dizendo que o mundo iria acabar, outros dizendo que em tal época futura os carros voariam, as viagens espaciais seriam rotineiras, que haveria teletransporte, e um monte de coisas que não me lembro mais, mas que em sua maioria não ultrapassaram a expectativa de um dia se tornarem realidade, e não serviram para muita coisa além de habitarem contos e filmes de ficção científica.
Felizmente você escapou da época das máquinas de datilografia, nas quais os erros de digitação não eram perdoados, e qualquer palavra escrita de forma errada ficava para sempre gravada no papel, mesmo quando aplicado um corretivo líquido, uma espécie de tinta branca, que sempre deixava vestígios. Você nasce na “Era da Computação” , na qual essas máquinas maravilhosas fazem parte da nossa vida, e nos tornamos tão acostumados e dependentes delas, que somos completamente incapazes de executar qualquer tarefa sem seu auxílio.
Os computadores vieram dar aquele toque de futuro que esperávamos, revolucionaram o mundo de tal maneira, que deixamos de duvidar que aquelas coisas com que sonhávamos finalmente aconteceriam, afinal de contas, através dos computadores pessoais, tornados “populares” à partir de meados dos anos 80, hoje já é possível realizar pelo menos uma delas, que povoavam qualquer seriado de ficção científica: conversar à distância com uma pessoa e ver sua imagem (mas ainda acho pouco provável os carros voarem).
Já temos a telefonia celular há alguns anos, e agora é possível tirar fotos e enviá-las ou recebê-las, e como o celular está cada vez mais integrado com o computador, as limitações quase não existem.
As crianças hoje não têm medo de computadores (pode parecer absurdo, mas nós, os adultos, tínhamos), e a evolução tecnológica dá sinais de que está numa jornada sem fim.
Enquanto em termos de tecnologia estamos em plena marcha adiante, no plano político as coisas parecem não andar tão bem assim...
Superamos há pouco o sufocante período da Ditadura Militar, que nos afligiu durante 30 anos, e hoje, felizmente para a Democracia, nosso presidente é uma pessoa saída do povo, ex-metalúrgico e ex-líder sindical eleito para tornar realidade nossas esperanças de outrora, ainda que o Povo de verdade continue esperando sua vez, ansiando pela hora em que o “Espetáculo do Crescimento” se torne realidade, e não apenas proposta e promessa de governo.
Pelo mundo continua a mesma coisa. A eterna briga no Oriente Médio, guerras pelo mundo todo, cada hora em um país, cada hora por um motivo diferente.
Os Estados Unidos ainda mandam no mundo, e se consideram seu dono e sua polícia, e parece ainda distante o dia em que não será mais assim.
A vida de seus pais é boa, tanto quanto pode ser. Já tivemos carro zero e Pizzaria pequena, hoje temos carro velho e Pizzaria grande, e vamos sobrevivendo, em meio aos altos e baixos do comércio. Sentimos só não conseguirmos preparar nossa casa para sua chegada, o que me lembra uma frase de uma antiga música: “falo desse chão da nossa casa, bem que tá na hora de arrumar...”
É mais ou menos assim que está o mundo em que você vai viver. Da nossa parte, estamos fazendo o nosso melhor para recebê-lo, com carrinhos, roupas, fraldas, etc, mas principalmente com muito amor.
A sua gestação foi muito desejada, e estamos tão felizes que por vezes parecemos dois perfeitos idiotas, maravilhados com o milagre da criação, com a geração de uma nova vida, com o nascimento de uma criança que já é muito amada mesmo antes vir ao mundo. Costumo dizer que sua mãe “está preparando nosso filho”, e não vemos a hora de podermos brincar com você, e tentarmos lhe explicar o mundo na prática, pois com palavras é muito difícil.

Seu ansioso pai,
Fabio